O cortisol ou hidrocortisona é o principal glicocorticóide produzido pelo córtex suprarrenal (10 a 20 mg diários). Esse hormônio é necessário durante períodos em jejum, pois induz à utilização das reservas energéticas do organismo.
Os efeitos biológicos do cortisol incluem o catabolismo de proteína em todas as células do organismo, com exceção do fígado. Uma vez na circulação, os aminoácidos degradados da proteína são translocados para o fígado para serem transformados em glicose através de um processo denominado gliconeogênese.
Outros hormônios como o glucagon e GH, participam do processo da gliconeogênese, funcionando como antagonista da insulina, por inibir a captação e a oxidação da glicose.
Ocorre então a ativação da enzima lipase e a degradação dos triglicerídeos no tecido adiposo, formando glicerol e ácidos graxos, que são utilizados nos tecidos ativos, para produção de energia.
Tudo isso para perfazer a adaptação ao estresse gerado no organismo e a manutenção de níveis de glicose.
O cortisol também é conhecido por diminuir a utilização de glicose, poupando-a para o cérebro; por atuar como um agente anti-inflamatório; por deprimir as reações imunológicas; e por aumentar a vasoconstrição causada pela adrenalina.
Sendo um hormônio necessário à manutenção da vida, embora seja conhecido pela resposta ao estresse, e atribuir a ele a fama de vilão, o cortisol também é o responsável por auxiliar o organismo a sair de diversas situações complicadas.
Lado importante do cortisol
Um de seus efeitos importantes à saúde, é o efeito antiinflamatório, já que reduz a síntese de lipocortina, inibindo a produção de interleucina 2 (IL 2), diminuindo assim a produção de linfócitos T, histaminas e serotonina. Como consequência, há supressão da resposta imune.
Esse hormônio é necessário para a regulação de receptores α adrenérgicos das catecolaminas e manutenção da pressão sanguínea. Sendo que sua diminuição implica em hipotensão, e o aumento, resulta em hipertensão.
Lado temeroso do cortisol
O cortisol reduz a absorção intersticial de cálcio Ca2++, a produção de osteoblasto, a síntese de colágeno tipo I e consequentemente a formação óssea. Ainda tem efeito sobre o Sistema Nervoso Central diminuindo o sono, (Rapid Eyes Movement – REM) , momento de maior atividade cerebral. Tem sido demonstrado na literatura, que o cortisol age como um antagonista fisiológico da insulina, por promover a quebra das moléculas de carboidratos, lipídeos e proteínas, desta maneira mobilizando as reservas energéticas. Isto aumenta a glicemia e a produção de glicogênio pelo fígado. Com a redução do cortisol posterior ao pico na corrente sanguínea, ocorre uma necessidade orgânica de relaxamento, prazer. Com isso muitas pessoas aumentam a necessidade de se alimentar, mesmo sem ter fome, desencadeando o aumento de peso.
Com o estímulo da gliconeogênese e glicogenólise, a glicose é disponibilizada. Sendo que durante o estresse ocorre o aumento da hidrólise dos triglicérides, mediante a ação da lípase, aumentando a produção de ATP, já que o organismo necessita de mais energia. A adrenalina tem o papel de preparar o coração, o pulmão e os músculos para atividades intensas como situações de estresse, aumentando a força de contração muscular, a frequência cardíaca, a pressão sanguínea e a dilatação dos brônquios. No Hipotálamo , mais precisamente no Locus Cereleus (LC) e no Núcleo Paraventricular, são processados os sinais sensoriais, os quais induzem a liberação Hormônio Liberador de Corticotrofina CRH e da Arginina Vasopressina (AVP).
Uma vez que o cortisol estimula a proteólise, seu aumento pode determinar a atrofia muscular e diminuição da força, com consequente efeito negativo no rendimento esportivo.
Quando o cortisol apresenta uma disfunção
O cortisol é o hormônio que regula o nosso ciclo circadiano. De manhã, os níveis costumam ser bem altos, para preparar nossas energias para o ato de acordar e se levantar da cama. Conforme o dia passa, os níveis de cortisol diminuem. Ao chegar a noite, quando encerramos nossa necessidade de trabalhar ou alimentar o organismo, cai o cortisol e sobe a melatonina, para nos preparamos para dormir.
Pessoas com o ciclo circadiano alterado (ritmo biológico que rege o metabolismo do sono e vigília), tendem a ter dificuldades de acordar, têm mais energia à noite, assim como dificuldades para dormir.
O cortisol é um poderoso anti-inflamatório, tanto que quando seus níveis estão baixos, as funções do organismo são prejudicadas.
Altos níveis de estresse ocorrendo de forma frequente, podem levar o indivíduo à perda de proteínas e massa magra. Sendo que diversos órgãos utilizam-se da proteína para renovação celular, como por exemplo músculos, pele, unhas e cabelos; não é raro que pessoas sob estresse intenso tenham perda de cabelos, unhas fracas, que mimetizem problemas tireoidianos.
Na alimentação, muitos estudos clínicos demonstram a relação de níveis elevados de cortisol e ganho de peso. Isto ocorre em função dos picos de estresse, que quando são reduzidos, o organismo busca uma forma de recompensa. Somado ao fato de que grande parte das pessoas têm uma alimentação rica em gorduras de má qualidade, em carboidratos, e também às noites mal dormidas, vamos desgastando a glândula supra-renal, o pâncreas, e ganhando peso.
Manter os níveis de cortisol equilibrados é essencial. Aquilo que é externo nem sempre pode ser controlado, mas devemos trabalhar para que não tomem mais importância do que o necessário. Porém, o fato de cuidar da alimentação e das noites de sono, já se contribui para que o cortisol fique estável no corpo.
Muito interessante.
Foi isto que me aconteceu e ainda não establizei. Tenho erupções no corpo dolorosas há quase um ano.
Espero que logo melhore!