Reservas de glicogênio

     É um assunto bastante complexo, que se fundamenta no entendimento da bioquímica, composto de muitas etapas, e  que demandaria um livro de postagens. Porém para ter-se uma ideia geral do assunto e esclarecer as dúvidas de pessoas que desejam facilitar a sua dieta, segue um pequeno resumo.

Pegue um alimento qualquer que seja ele, e coma-o.

Agora seu corpo iniciará a quebra dos nutrientes deste alimento fazendo uso de diversas enzimas, e irá distribuir carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminais e sais minerais a todos os tecidos do corpo.

Os nutrientes desta fonte alimentar serão igualmente armazenados em seu organismo como energia ou distribuídos às células mediante a necessidade.

Como meio de reserva energética, seu corpo irá fazer armazenamento de três formas básicas:

  • Proteínas (músculos)
  • Glicose (sangue e músculos)
  • Gorduras  – triacilgliceróis (tecido adiposo)

O corpo armazena energia imediatamente após a ingesta de calorias e o primeiro destino aonde estas calorias serão encontradas será no sangue. O segundo será nos músculos sob a forma de glicogênio.

O glicogênio muscular será convertido em glicose, pelas células musculares e o glicogênio do fígado, será convertido em glicose para suprir as necessidades do organismo, incluindo momentos de jejum prolongado.

Ponto importante: Seu corpo irá garantir o uso, queimar, as duas primeiras fontes de reserva energética antes de buscar as reservas de gordura.

O glicogênio é uma análogo ao amido, um polímero de glicose que funciona como reserva energética nos vegetais. Tem uma estrutura similar à amilopectina (um componente do amido, e encontrado no trigo).  Ambos tem aspecto de pós esbranquiçados em seu estado sólido.

O glicogênio é encontrado em forma de pequenos grânulos no citoplasma de muitas células, e tem função importante no ciclo do metabolismo de glicose no organismo.

O glicogênio compõe uma reserva de energia que pode ser rapidamente recrutada para atender alguma necessidade urgente de glicose no corpo, sendo mais compacta que as reservas de triglicerídeos (lipídeos).

No fígado, o glicogênio existe em cerca de 5% a 6% do peso líquido de um adulto. Somente o glicogênio armazenado no fígado pode se fazer acessível aos órgãos. Nos músculos, o glicogênio é encontrado em uma concentração baixa (de 1% a 2% da massa muscular).

O tanto de glicogênio armazenado no corpo, músculos, fígado e células vermelhas, dependerá em grande parte da capacidade física, taxa metabólica basal, e hábitos alimentares.

Pequenas quantidades de glicogênio são encontradas também nos rins, células cerebrais e células brancas. O útero pode armazenar glicogênio durante a gravidez com a finalidade de nutrir o embrião.

Funções do glicogênio no fígado

Assim que uma refeição contendo carboidratos ou proteínas é ingerida, digerida, o nível de glicose no sangue sobe, e o pâncreas secreta insulina.

A glicose sanguínea adentra então as células do fígado (hepatócitos) pela veia porta.

A insulina irá atuar nos hepatócitos estimulando a ação de diversas enzimas, incluindo a glicogênio sintase. As moléculas de glicose são então adicionadas às cadeias de glicogênio até que tanto a insulina como a glicose sejam esgotadas. No estado pós prandial ou alimentado, o fígado mais recolhe glicose do sangue do que libera.

Após a digestão completa de uma refeição, em que o nível de glicose começar a cair, a secreção de insulina será reduzida e a síntese de glicogênio cessa.

Assim que houver demanda de energia, o glicogênio será quebrado e convertido novamente em glicose (glicogênio fosforilase).

Para as próximas 8 -12 horas, a glicose advinda do glicogênio será a principal fonte de glicose sanguínea usada como combustível no organismo.

O glucagon, outro hormônio produzido no pâncreas, serve como sinal de confirmação à insulina. Em resposta aos níveis baixos de insulina, quando a glicose estiver abaixo do normal no sangue,  o glucagon será secretado para elevação destes níveis, estimulando a glicogenólise (quebra de glicogênio) e gliconeogênese.

Quanto maior for a quantidade de carboidratos ou proteínas ingeridas, maior serão os estoques de glicogênio, e  os excessos serão transformados em gorduras, estimulados pelos picos de insulina.

Funções do glicogênio no músculo

As células musculares armazenam o glicogênio para atender as necessidades dos músculos, uma vez que estas não dispõem da enzima glicose-6-fosfatase, que é necessária para repassar glicose à corrente sanguínea, portanto esta reserva não é compartilhada com outras células do organismo.

Em oposição ao fígado, que a partir de uma demanda, efetua de imediato a quebra do glicogênio enviando glicose à corrente sanguínea.

Atletas de longa distância, tais como maratonistas, ciclistas, já experimentaram depleção de glicogênio, onde quase a totalidade das reservas de glicogênio foram exauridas após longos períodos de esforço físico sem o consumo de energia suficiente. Fenômeno chamado “bater no muro” da expressão do inglês “hitting the wall”.

A depleção de glicogênio provoca sinais no organismo como fadiga extrema ao ponto de não ser possível movimentar-se.

Os sintomas da depleção de glicogênio podem ser evitados de três formas:

1- Ingestão contínua de carboidratos de alto índice glicêmico

2- Dietas associadas a treino de resistência adaptados para aumentar o uso de ácidos graxos como combustível, poupando o consumo de carboidratos.

3- Ingestão de grandes quantidades de carboidratos de qualquer tipo após depleção de glicogênio (“carbohidrate loading”).

Conforme já comentei, estas fontes de energia são as principais a serem recrutadas pelo organismo, porém para efeito de emagrecimento buscamos o uso das reservas adiposas, as que mais nos interessam.

Sobre elas, falarei mais em próximo post para não estender demais o assunto.

 

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